Agências poéticas: Cultura de rua e resistência na cena SLAM

Autores

Vicente de Paulo Sousa (ed)
Universidade Estadual Vale do Acaraú, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
https://orcid.org/0000-0001-7521-6576

Palavras-chave:

Literatura brasileira, Ceará, Poesia, Cultura popular, Diversidade cultural

Sinopse

Não é fácil sobreviver no Brasil quando se é pobre, preto, periférico, gay, enfim, quando de alguma forma se é visto como “excluível” pela sociedade. Mais difícil ainda quando se juntam duas ou mais dessas características. Mas com talento, as dificuldades são transformadas em inspiração por diversos jovens poetas que compõem esta obra, organizada por Vicente de Paulo Sousa, cuja trajetória acadêmica está intrinsecamente ligada à poesia slam, que elevou as vozes de dezenas de jovens das periferias cearenses. Desta vez, Vicente não analisa ou descreve a cultura slam, mas sim, cede espaço para que os poetas possam se expressar, registrando algumas de suas mais interessantes criações, que parafraseando Belchior, trazem mais do que palavras, mas navalhas, que cortam e doem diretamente na carne de quem ainda conserva alguma empatia em meio a uma sociedade a cada dia mais indiferente ao sofrimento que não machuca apenas corpos, mas também as almas.

ISBN: 978-65-87429-35-9

Capítulos

  • Revolução
    Adílio Kevin Aguiar
  • AK Trovão
    Adílio Kevin Aguiar
  • Nova era
    Adílio Kevin Aguiar
  • Última parada
    Adílio Kevin Aguiar
  • Meu Nordeste
    Antônio Wisley Nascimento Oliveira
  • Princesinha vitória
    Antônio Wisley Nascimento Oliveira
  • Sobral poesia
    Antônio Wisley Nascimento Oliveira
  • Carta ao cidadão de Bem
    Rafael Farias
  • Por que escreves cria?
    Rafael Farias
  • Sócrates ouviu o cria
    Rafael Farias
  • A teoria da poesia de malandragem para Einstein
    Rafael Farias
  • Salve o Brasil
    Débora Caroline
  • Quanto vale a vida preta?
    Débora Caroline
  • A mulher
    Débora Caroline
  • Ela só quer gritar
    Débora Caroline
  • Sou privilegiada
    Marcela Sena
  • Não recomendado a sociedade
    Marcela Sena
  • Justiça
    Marcela Sena
  • Ancestralidade
    Marcela Sena
  • Sertão
    Virgínia Oliveira
  • Morte permanente
    Virgínia Oliveira
  • Mulherão da B
    Virgínia Oliveira
  • Sou
    Virgínia Oliveira
  • A loucura ilegível de ser eu
    Claudiana Pereira
  • O poema está nos olhos de quem lê
    Claudiana Pereira
  • Mente confusa de uma geração em colapso
    Claudiana Pereira
  • Qual é a faca que te corta?
    Claudiana Pereira
  • Fogo nos racistas!
    Vick Carvalho
  • Matriarcado
    Vick Carvalho
  • Grito Marginal
    Vick Carvalho
  • Filha de Áries
    Vick Carvalho
  • A poesia do artista
    Rêh
  • Pro macho escroto
    Rêh
  • Cortes da vida real
    Rêh
  • Isso não é uma poesia
    Rômulo Pahaliah
  • Pai viado e mãe solo
    Rômulo Pahaliah
  • Aquela terra
    Rômulo Pahaliah
  • Boi da cara branca
    Rômulo Pahaliah
  • Cegaram o olho de hórus
    Guetho
  • Coração dos meus irmãos
    Guetho
  • Visão do futuro
    Guetho
  • Máquina do tempo
    Guetho
  • Resistir pra existir
    Thais Gadelha
  • No final só o amor é a única revolução verdadeira
    Thais Gadelha
  • Ás bruxas tão voltando
    Thais Gadelha
  • Irão me ouvir ou me odiar?
    Josh
  • É o fim dos tempos!
    Josh
  • Ebryedade terrena
    Akwa Ra Mon
  • Corpa andarylha
    Akwa Ra Mon
  • Sereya
    Akwa Ra Mon
  • Nostalgya transýndya
    Akwa Ra Mon
  • Silêncio
    Malika
  • Mito
    Malika
  • Fim
    Malika
  • Travesti
    Malika
  • Quando encontro a incerteza
    Maya Rosa
  • Transressureição
    Maya Rosa
  • Curumynha menina
    Maya Rosa
  • Anos luz daqui
    Maya Rosa

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Biografia do Autor

Vicente de Paulo Sousa, Universidade Estadual Vale do Acaraú, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Vicente de Paulo Sousa é Cientista Social e Mestre em Geografia Cultural pela Universidade Estadual Vale do Acaraú-UEVA. Atualmente é membro do Coletivo Fora da Métrica, que organiza o Slam da Quentura e o Slam CE. Pesquisador da cena cultural de rua, mais precisamente as Batalhas de Rap e os Slams da cidade de Sobral. Videomaker, registra imagens e afetos poéticos da cultura das periferias. Um dos organizadores do livro A poesia falada invade a cena em Sobral: poetry slam no interior do Ceará, lançado em 2019, pelas editoras Desalinho / Ganesha Cartonera.

Adílio Kevin

É, eu sou o Adílio Aguiar, mais conhecido como “Adílio Kevin” mesmo. Meu vulgo é “Ak”. Eu tenho 18 anos, resido na cidade de Massapê-CE, sou poeta Slamer e MC. Estou nos corre desse mundo artístico que eu acho foda e massa. Meu contato com poesias e Slams foi há pouco tempo, quando eu me identifiquei com aquilo e decidi fazer parte e mostrar minha vivência, arte, revolta e minha indignação e soltar tudo nos versos, falando, onde eu aproveito o meu momento para demonstrar isso. E é sobre isso! Vem com nós que o bagulho é resistir e persistir! Vamo que vamo, família! Tamujunte!

MC Barnabé

Me chamo Antônio Wisley Nascimento Oliveira, mas na cena da cultura de rua sou conhecido como MC Barnabé. Moro numa periferia da cidade de Sobral, onde participo de ações culturais ligadas ao movimento Hip Hop. Atuo como MC na Batalha do TN e na organização da Batalha do Park, e faço parte do Movimento Social Fome, cujas ações se direcionam no sentido de inserir a população periférica da minha quebrada em atividades culturais. Fui campeão de diversas edições de diferentes batalhas de rap na cidade. Em 2019, fui o vencedor da Batalha do Triunfo, ocorrida em Sobral, cuja seletiva, garantia vaga para representar a cidade na seletiva estadual em Fortaleza. Participo também das edições dos slams, principalmente recitando, às vezes, no Slam da Quentura. Tenho algumas poesias publicadas nas minhas redes sociais, e uma música, “Princesinha Vitória”, no Youtube. Em 2018, participei da composição e gravação do clipe Cypher Resistência, juntamente com outros/a rappers da Batalha do TN.

Vetin

Rafael Farias (Vetin), poeta marginal e slammer da cidade de Sobral e integrante do Coletivo Ocupa Ibiapina, da cidade de Ibiapina–CE. Um dos organizadores do Sarau Resistencia JV. Minha poesia é a rotina que eu inspiro e que me inspira para eternizar tudo ao meu redor em linhas.

Débora Caroline

Débora Caroline, 21 anos, slammer do Coletivo Mandacaru, em Massapê, membro da ONG Criando Laços, em Massapê. Mulher bissexual, ativista e pesquisadora dos direitos humanos, estudante de Psicologia e monitora do projeto de Pesquisa e Extensão em Atenção à Saúde LGBTQIA+. Me encontro fazendo arte periférica, às vezes musicista e sempre inquieta como café́fresco na segunda. Sou natural de Manaus (Município do Amazonas) e resido no Ceará há mais de 8 anos. Fui atravessada pela arte desde muito nova por conta dos meus avós, mas passei pelo processo de me reconhecer artista, e isso não está com muito tempo. O slam me mostrou e vem mostrando o potencial, a força e a resistência de ser artista periférica. E é nesse caminho que sigo com a arte transformando e transbordando cada trajetória como poeta e estudante de psicologia.

Marcela Sena

Iae? Me chamo Marcela Sena, poetisa há dois anos e slammer da cidade Sobral, participando ativamente do Slam da Quentura, Slam das Cumadi e Slam das Poc’s. Também integro o grupo As Manas, composto apenas por mulheres. Atuo como DJ a solo e junto do grupo A Coletyva desde fevereiro de 2020. Filha de dona Maria da Conceição, sobralense que até hoje trabalha na mesma profissão, atendente de médico, e de um preto maranhense, o seu Marcelo, que trabalha de sol a sol, mestre de obra é sua profissão. Somos nós três sempre e agradeço e eles por ser quem eu sou hoje.

Virgínia Oliveira

Virgínia Oliveira, tenho 26 anos, atriz, fotógrafa, diretora, escritora e muitas outras coisas, cria do sertão central, Morada Nova, mas vive de perambular pelos cantos, atualmente mora em Sobral e Fortaleza. Sou uma pessoa com deficiência e acredito que é importante reforçar isso para que corpos plurais possam ser normalizados na sociedade e, principalmente, no meio da arte.

Claudiana Pereira

Claudiana Pereira é uma escritora e artista que vive em Sobral, no Ceará. Aos 12 anos, ela começou a escrever e desenhar, um jeito de se distrair sozinha após a morte da sua mãe. Encontrou nas folhas em branco uma forma de aliviar a dor da perda. Contando sua jornada por momentos amargos da vida e encontra uma forma de tirar delicadezas deles. Recitou uma das suas poesias na Batalha da Margem, um evento onde tem um palco aberto no ano de 2019, com a seguinte reflexão “qual a faca que te corta? “. Hoje ela usa vários meios para se expressar: a poesia, os desenhos, a fotografia, o artesanato e um empreendedorismo de baixo custo. Almeja publicar suas poesias e poder viver da sua arte.

Vick Carvalho

Vick Carvalho, uma ariana, cearense, professora de Inglês, ativista “Body Positivity”, ativista LGBTQIA+,” slammaster do Slam Mandacaru de CE. O morno não me agrada, amor pra mim é como café: forte e quente! Quando as escrevivências me atravessam, me torno POESIA! Comecei desde cedo a brincar com as palavras, era e sou completamente apaixonada por literatura. Ao crescer e me tornar a mulher que sou hoje, tive que passar por experiências muito pesadas, essas cicatrizes me fizeram conectar com a poerrima marginal. Ocupo os espaços na minha cidade levando poesia na comunidade. Espalhar essa arte pra mim é NECESSÁRIO!

Rêh

Sou a Rêh, artista marginal, das ruas de Sobral, tenho 24 anos, sou sagitariana, estou sempre ali no meio do fogo, da chama. Hoje sou poetisa, pratico malabares, mais especificamente, o Devil Stick. Comecei a me envolver com a arte do malabares entre 2014/2015. Já com a poesia, eu acredito que eu nasci com ela, cresci junto com ela, sinto que ela sempre esteve comigo. Sempre gostei de escrever, desde pequena, já gostava de poemas, meu refúgio nos dias difíceis era transformar tudo em poesia, e guardar pra mim. A minha primeira poesia declamada, porém bem envergonhada, foi no Slam da Quentura, slam pioneiro do Ceará, onde sou muito grata pela existência e resistência desse movimento, sou grata por Hanz Alves (que estava na primeira edição, ajudou a fazer acontecer), que infelizmente não está aqui em matéria, mas está sim entre nós, um salve Victor Hannover, você foi necessário pra minha vida, e pra vida de muitas pessoas. Voltando aqui pra mim, estou sempre ali nos movimentos culturais, seja pra apoiar, ajudar, participar, ou apenas usufruir. Sou andarilha das ruas, vivo me perdendo e me encontrando, sempre à procura de ser um ser melhor, mas não pra ninguém, e sim pra mim.

Rômulo Pahaliah

Sou Rômulo Pahaliah, nascido e criado nas favelas de Fortaleza (CE). Sou ator, cantor, compositor e poeta marginal, organizador de saraus e eventos de poesia em fortal city, idealizador do Slam Entrelinhas, amante da poesia, teatro e de toda forma de expressão, pois sou um artista periférico.
É O beco po***

Guetho

Guetho é um rapper e poeta. Sua carreira começou em 2010 em batalhas de rima e, posteriormente, participava de slams, sagrando-se campeão em diversas edições. Sua poesia mais conhecida é a ‘Visão do Futuro, atualmente é um dos organizadores do Slam Entrelinhas.Fez parte de diversas bancas de rap, que o produziram musicalmente. Na poesia, iniciou no Slam Gentil e daí não parou mais de escrever, tendo sua poesia divulgada em outros estados e cidades, até mesmo em páginas conhecidas de poesias. Por muitas vezes escrevia falando sobre futuro, pois pra ele é algo tão fascinante e tão frustrante ao mesmo tempo, isso faz dele um poeta.

Thay Gadelha

Meu nome é Maria Thais, mas a galera me conhece como Thay Gadelha. Tenho 20 anos, nascida e criada na periferia de Sobral, Ceará, que foi onde encontrei a arte, que é o caminho que trilho até hoje e uso como uma das ferramentas de luta e resistência contra toda forma opressão. Hoje sou poeta, slammer, percussionista e produtora cultural. Sou organizadora do Slam das Cumadi, primeira disputa de poesia falada de mulheres do estado do Ceará. Faço parte do Coletivo Fora da Métrica, que colabora com a construção do Slam da Quentura, Slam das Poc’s e do Slam Ceará e também sou integrante do bloco Siri’Ricas, bloco de rua carnavalesco.

Josh

E aí família? Me chamo Josh, tenho 21 anos e sou natural de ‘Solbrabo’. Tenho início nas artes por meio de uma escola de Teatro da cidade, cujo nome é 4 Portas na Mesa, e com isso eu tive de início o amor pelo palco, pela vocação das pessoas me ouvirem, me sentirem de verdade. Eu venho de uma periferia afetada, onde a cultura não se instalou com vigor, e a minha busca pela arte surgiu dentro da periferia. Venho de uma família com pensamentos de vida muito diferente das que eu tenho em mente, mas isso já não é mais uma questão. O meu apego pelas rodas de batalhas de rima e até mesmo pelos ataques poéticos, veio-me como uma solução para todos os meus anseios, sou eu por mim mesmo, com minha voz, com meus perrengues e minha luta cotidiana, transcrita no papel e ecoada em minha voz. Iniciei com força nas disputas poéticas, mas hoje já não levo em conta a disputa, o meu foco é ser ouvido e rasgar pro mundo ouvir o que eu tenho a dizer, agora os meus textos contêm bem mais que seis sete minutos, logo, não me encaixo nas disputas. Sou grato pelo espaço e sempre que posso usufruo. O artista que não muda, é um artista morno, e que precisa urgente de ferver um pouco

Akwa Ra Mon

Me renomeyo Akwa Ra Mon, fazendo do ponto fynal do i aberturas em y, Yndýgena natyva de mangue de Fortalezas esquecydas, ressygnyfycando vyda em terras solares, me reencontro em Sobral, onde me refaço Travesty em toda mynha mulherydade. Artesã em constante resgate, Crya da vyrada das madrugadas, da ebryedade recomeço de jornada, de berço crystão em ressygnyfycação, das rodas de Poesyas, Batalhas de Ryma e movymentos de Vogue nas transcedêncyas. Costureyra, Pyntora e Tatuadora de traços espyralados em redescoberta ancestral. Escrevo desenhando na tentatyva de lembrar constantemente que estou vyva, escrytas lembretes do ymemorável, onde Pyndorama renasce das cynzas de um Brasyl colonyal que nunca nos abraçou. Que seja transpassy.

Malika

Malika, 24 anos de vida aquariana, performer, produtore, não binarie, professore, maquiadore, slammer e outras coisas mais por necessidade ou por inquietude. Acontece muita coisa dentro de mim que tem a necessidade de se manifestar na arte e em seus diversos âmbitos, meu corpo e minha mente em constante mudança é a extensão de tudo aquilo que não posso dizer em palavras, apenas ser.

Maya Rosa

Me chamo Maya Rosa, trans não-binária, poeta, dançarina contemporânea e slammer. Nasci e fui criada na cidade de Massapê, e foi nela que encontrei a cena Slam, a partir das rodas de poesia protagonizadas pelo Slam Mandacaru. Nesse processo de autoconhecimento busco me expressar por meio da poesia como ato de resgate de mim mesma e reencontro com as minhas, e é nessa vertente artística em que vou me moldando enquanto ser.

Capa livro Agências poéticas

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Publicado

dezembro 1, 2020
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