Trajetórias pessoais na antropologia (audio)visual no Brasil. Volume 2
Palavras-chave:
Antropologia visual, História da Antropologia, Cinema, Ciências SociaisSinopse
Este livro nasceu de uma experiência coletiva forjada no calor da pandemia, quando a urgência de se reinventar fez emergir um projeto que ultrapassa o fazer acadêmico convencional. Foi nesse espírito que mais de 30 encontros online reuniram pesquisadores, pesquisadoras e amantes da Antropologia (Audio)visual. As conversas — longas, densas, cheias de afetos e memórias — mostraram que “uma produção audiovisual é como se fosse um espelho de nós mesmos”.
Mais do que registrar trajetórias, as entrevistas revelaram que a produção destes pesquisadores os constrói como pessoas, ou nas suas palavras, “isso não é o meu trabalho, isso sou eu”, pois estão impregnadas dos “vários mundos de vida” que vivenciaram, dos atravessamentos, dos olhares e das escutas que os formam como antropólogos e antropólogas. Afinal, “nós só existimos pela imagem, nós só pensamos com imagens”, e é justamente na potência desse pensar imagético que a Antropologia se funde com a arte, porque, sim, “a Antropologia é arte”.
O livro também reflete sobre as tensões e contradições do fazer acadêmico, reconhecendo que “a universidade não está especificamente numa bolha, ela só criou outras bolhas”, e que romper essas barreiras exige coragem para sustentar processos de troca verdadeiros. Aprendemos que as imagens não são completas, não encerram sentidos — muito pelo contrário, “as imagens jogam do lado da incompletude”, e nisso, como peças de um quebra-cabeças, completam nossas vidas, tocam nossos sentimentos, ou seja, “são esse pedaço de coisa que tocava numa vida”, abrindo frestas para aquilo que não cabe em palavras.
O ser antropólogo, mais do que técnica, tem de ter a sensibilidade de “sustentar o olhar e a escuta”, tem de saber que sua produção tem poder. Aprendemos que a imagem traz consigo a alma de quem a produziu e de quem ela retrata. Aprendemos a enxergar por outros olhares, como “o olhar indígena que atravessa a lente”, o olhar da pessoa preta, periférica, trans, o que nos ajuda a deslocar nossas certezas e a expandir nossas percepções.
Tudo isso reafirma que, na Antropologia (Audio)visual, o encontro entre estética, política e afeto nunca é trivial, porque, mesmo que tenhamos a impressão de que “o belo vem de longe”, ele está próximo, dentro de nós, e carregá-lo exige sensibilidade, compromisso e, acima de tudo, ousadia, pois “sem ousadia não se faz nada”.
ISBN: 978-65-5421-224-3 - papel
ISBN: 978-65-5421-225-0 - E-book em pdf
Capítulos
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Apresentação: um campo em devir
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Prefácio - Entre caminhos percorridos e desafios emergentesTrajetórias, insurgências e expansão da Antropologia (Audio) visual brasileira
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Sem ousadia não se faz nada: entrevista com Bela Feldman-Bianco
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Uma produção audiovisual é como se fosse um espelho de nós mesmosentrevista com Renato Athias
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Nós só existimos pela imagem, nós só pensamos com imagensentrevista com Cornelia Eckert
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A Antropologia é arteentrevista com Gabriel Alvarez
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O “belo vem de longe”entrevista com Carmen Rial
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As imagens jogam do lado da incompletudeentrevista com Marco Antonio Gonçalves
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Esse pedaço de coisa que tocava numa vidaentrevista com Fabiana Bruno
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A gente tem que sustentar o olhar e a escutaentrevista com Viviane Vedana e Rafael Devos
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A universidade não está especificamente numa bolha, ela só criou outras bolhasentrevista com Ana Paula Alves Ribeiro
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O olhar indígena que atravessa a lenteentrevista com Edgar Kanaykõ Xakriabá
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Isso não é o meu trabalho, isso sou euentrevista com Vi Grunvald
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Os vários mundos de vida que vivencieientrevista com Alexandre Fleming Câmara Vale
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Posfácio - Antropologia Visual no BrasilTrajetórias, Institucionalização e Perspectivas Contemporâneas
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